sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O direito de ser pedestre em BH

Rua Iraí com calçadas recuperadas e piso tátil feitas pela Faculdade Pitágoras


Belo Horizonte sofre com o estigma de não ter topografia para ciclistas ou caminhantes, por causa de suas ladeiras e até por seu horizonte montanhoso.

Cidade centenária, com a sorte de ter bons prefeitos nestes últimos 20 anos, entrando no século 21 como uma boa cidade para se viver, a capital de Minas poderia dedicar tempo e esforço para implantar uma cultura de valorização do pedestre.

Grupos organizados já se preparam para uma ofensiva mais do que saudável, a caminhada como meio de transporte ativo. Isto mesmo. 

O neologismo “caminhabilidade” já foi adotado pela Associação Nacional de Transportes Públicos e existe até uma Associação Brasileira de Pedestres. Conferências foram realizadas, estudos e pesquisas estão em andamento.

Com mais força em São Paulo, timidamente em Belo Horizonte, com esparsas iniciativas da prefeitura de Belo Horizonte e nada, nada pelo interior o Estado. 

Na capital paulista, sabe-se que 36 por cento da população usam as caminhadas para se locomoverem pela cidade. Em BH não deve ser muito diferente.

As cidades brasileiras se desenvolveram, ou foram planejadas, pensando no transporte coletivo e de automóveis. Belo Horizonte implantou apenas no ano passado a vitoriosa iniciativa de transporte por bicicletas, patrocinada pelo banco Itaú. 

Se bem que as pessoas têm utilizado estas bicicletas mais para passeios e lazer e menos para apenas se transportar de um local a outro.

A Associação de Amigos do Parque da Barragem Santa Lúcia foi criada em 2013 pelos frequentadores/caminhantes que diariamente se encontram para uma ou duas horas de caminhada pelos 800 metros de pista ao redor do lago da barragem.

Desde o primeiro instante foi este o objetivo primeiro da Associação de Amigos: melhorar a pista de caminhada, promover um novo e melhor paisagismo na área, com mais árvores e sombra para todos, conseguir mais bancos para os caminhantes, pois quem anda tem que descansar, e por entender que quem caminha tem mais saúde.

Estas premissas de caminhadas no parque estão extrapolando para a necessidade de melhoria das calçadas do seu entorno.

A Associação de Amigos e o Blog do Parque estão juntos nesta campanha pela melhoria das calçadas nos bairros de influência do Parque, quais sejam, Santa Lúcia, São Bento, Vila Paris, Coração de Jesus, Luxemburgo, Cidade Jardim, Santo Antônio e Aglomerado Santa Lúcia, uma população de 60 mil habitantes, pedestres todos os dias.

Os projetos em elaboração para o novo Parque da Barragem Santa Lúcia estão levando em consideração esta premissa do pedestre, do caminhante, dos deslocamentos ativos.

A caminhada pela cidade é um prazer que se renova a cada instante. Com uma escadaria aqui, um novo restaurante aberto ali, aquele atelier de consertos com seus vasos floridos que chamam a atenção, uma nova casa de frutas, aquele prédio que embelezou sua fachada. E a possibilidade de conversar com estranhos. Por que não?


Escadaria entre a Teixeira de Freitas e Prudente de Morais: o artista anônimo escreveu: "Todo artista tem de estar aonde o povo está."


Parque da Barragem, pista superior, ao lado da Artur Bernardes


Rua Gonçalves Veloso, calçadas estreitas e com obstáculos

Um comentário:

  1. Bom dia Eustáquio!!!
    Que satisfação encontrar alguém que partilha dos mesmos ideais.
    Sou belo-horizontino da gema, nascido em 1954 e acompanhei todo o desenvolvimento da cidade desde então (ainda andei de bonde, acredite!).
    Pratico caminhada regularmente desde os 30 anos de idade e conheço bem os problemas, os encantos e as potencialidades da nossa capital.
    Quero parabenizá-lo pelo blog e anunciar que também estou na luta pela melhoria das condições de caminhabilidade em BH.
    À título de introdução, segue o link de um dos artigos que publiquei recentemente no meu blog.
    http://caminhada.org/2017/01/31/a-fama-das-calcadas/
    Grande abraço!

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